segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Bichos também se emocionam

Os animais não são máquinas insensíveis, movidas a estímulos como preconizou o filósofo Descartes. São seres com sentimentos, inteligência, memória, sujeitos a sofrimentos físicos e psíquicos. Assim defende a médica veterinária da Universidade de São Paulo (USP), Irvênia Luiza de Santis Prada, autoridade mundial na comunidade científica na área de Neuroanatomia Animal.



Ela afirma que, desde a década de 60, já está superado o pensamento que limita a capacidade dos bichos. Em recente palestra sobre as emoções dos animais, proferida durante o II Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-Estar Animal, ela mostrou que espécies que vivem estressadas, presas ou maltratadas, acabam desenvolvendo males orgânicos. Estes podem se manifestar na pele, ou na forma de diarreias e úlceras, numa espécie de somatização. As chamadas doenças somatizadas não são "privilégio" dos humanos.


Ela contextualiza que a ciência sabe da manifestação da vida. E toda matéria viva é sensível a estímulos do ambiente. Todo ser vivo existe por meio do circuito estímulo-processamento-resposta. No caso dos animais, sejam humanos ou não, o processo prevê dois componentes, um subjetivo e outro objetivo. São as sensações e as emoções, respectivamente. No processamento, há o sentir. Já a resposta fica no âmbito das emoções. É quando o indivíduo, humano ou não, põe para fora o que sentiu a partir do estímulo recebido. Vale lembrar que a palavra emoção deriva do ex (para fora) e do moção (movimento).


"O animal percebe alguns estímulos no ambiente, que entram no seu organismo e vai até o cérebro. Ao processar, tem a sensação. Ao colocar para fora o que está sentindo, expressa a emoção. Por meio de sinais fisiológicos ou do comportamento, demonstra o que está sentindo. Daí compreendermos que a emoção é uma experiência objetiva e sensação, uma experiência subjetiva", explica ela. Isto coloca desafios para as áreas da ciência e todas as atividades humanas que são relacionadas aos animais.


Cérebro trino


Com base nos estudos do pesquisador Mac Lean, a veterinária aponta que se pode identificar a existência do chamado cérebro trino no ser humano, que equivale a três cérebros, cada um correspondente a uma etapa evolutiva diferenciada e fundamental. A mesma estrutura observa-se em alguns mamíferos. Na parte mais profunda, há o Complexo Reptiliano, com funções neurais básicas relativas à reprodução e auto-preservação, regulação cardiovascular e respiratória, comportamento agressivo, demarcação territorial, entre outras. Nos peixes, anfíbios e répteis, é praticamente esse encéfalo o existente.


Na segunda parte do encéfalo, ainda considerando Mac Lean, a pesquisadora aponta o Sistema Límbico, correspondente a estruturas relacionadas à expressão de comportamento acompanhados de emoção. São as emoções primárias básicas, relativas aos comportamentos de auto-preservação e perpetuação da espécie, manifestados por medo, raiva, prazer e outros. Irvênia Prada mostra que o Sistema Límbico circunda o complexo reptiliano e mostra-se bem em todos os animais mamíferos. Por fim, envolvendo as duas primeiras partes, vem o Neocortéx, um complexo de diferentes funções, tornando-se progressivamente mais desenvolvido nos mamíferos mais evoluídos como o ser humano, chipanzés e golfinhos.


No Neocórtex se observam regiões chamadas lobos: fontal, relacionado à deliberação e regulação de ações e comportamentos; pariental, responsável pelo intercâmbio de informações com o restante do corpo; temporal, ligado à noção espacial e algumas funções associativas complexas, como memória; e occipital, relacionado à visão. Segundo Irvênia Prada, a diferença entre os cérebros dos seres humanos e dos demais animais mamíferos dá-se mais em termos de proporção entre as partes. "Em todos os mamíferos, a organização do cérebro é a mesma do ser humano. O cérebro inicial tem uma representação avantajada, o córtex sensório-motor também, mas a área pré-frontal é menos desenvolvida e varia de dimensão nas diversas espécies animais. Nos primatas e golfinhos, ela já se mostra bem desenvolvida".



Ela explica que, na expressão do comportamento, por meio do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), há dois aspectos: a fluência e a disfluência comportamental. Na primeira, os animais exteriorizam atitudes mais harmônicas, como se observa nas atividades de zooterapia com cavalos e cães entre crianças e idosos ou o cão-guia acompanhando cegos. Na disfluência, os bichos expressão profundo mal-estar. Organicamente apresentam respiração acelerada, músculos tensos, pupilas dilatadas, secreções de hormônios do estresse como adrenalina e cortisol, além de picos de pressão arterial. Assim são as cenas de animais brigando ou sendo maltratados em vaquejadas, rodeios ou outras situações comprometedores do seu bem-estar. Na disfluência comportamental, estão em ação estruturas do Sistema Límbico. Já nos momentos de fluência, que requerem atitudes mais elaboradas, até sutis, entra em ação os circuitos do Neocórtex.


Assim como os seres humanos, os bichos também ficam sujeitos a distúrbios mentais que são somatizados no corpo. Ela cita o caso de uma cadela que atuou no Iraque como farejadora de bombas. Após três anos de trabalho, o animal expressou transtornos pós-traumáticos, semelhantes ao verificados nos humanos.


"A visão cartesiana está ultrapassada. Coloca-se um desafio para os cientistas, a sociedade, todo mundo que trabalha com espetáculos para diversão humana, pesquisas em laboratório, das pessoas que trabalham com produtos alimentícios de origem animal. Devemos enxergar o animal como um ser que sofre. Não precisamos perguntar se eles têm cérebro, se têm consciência. Basta perguntar se eles sofrem. Isto já é um forte indício de que o ser humano tem que mudar sua atitude em relação aos animais. Eles sofrem, não só fisicamente, nas lesões orgânicas. Sofrem transtornos mentais também".


Inteligência

"Os animais são seres inteligentes e com sentimentos"

Irvênia Prada

Médica Veterinária
Lobos cerebrais

4 áreas compõem o encéfalo nos mamíferos. São os lobos cerebrais frontal, pariental, occipital e temporal. O encéfalo é formado pelo cérebro, o cerebelo e o tronco encefálico.

MAIS INFORMAÇÕES

Irvênia Prada nos livros "A Alma dos Animais" e "A Questão Espiritual dos Animais"

irvenia @yahoo.com.br

Fonte: Diário do Nordeste

sábado, 18 de setembro de 2010

Declaração Universal dos Direitos do Animal

A UNESCO aprovou em 1978, em Paris, a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO ANIMAL, seguindo a mesma trilha filosófica da Declaração Universal dos Direitos do Homem, votada há 30 anos pela ONU. O Dr. Georges Heuse, secretário geral do Centro Internacional de Experimentação de Biologia Humana e cientista ilustre, foi quem propôs esta Declaração (da qual o Brasil é signatário) .
DECLARAÇÃOArt. 1º- Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.Art. 2º- O homem, como a espécie animal, não pode exterminar outros animais ou explorá-los violando este direito; tem obrigação de colocar os seus conhecimentos a serviço dos animais.Art. 3º- 1) Todo animal tem direito a atenção, aos cuidados e a proteção dos homens.2) Se a morte de um animal for necessária, deve ser instantânea, indolor e não geradora de angústia.Art. 4º- 1) Todo animal pertencente a uma espécie selvagem tem direito a viver livre em seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático, e tem direito a reproduzir-se.2) Toda privação de liberdade, mesmo se tiver fins educativos, é contrária a este direito.Art. 5º- 1) Todo animal pertencente a uma espécie ambientada tradicionalmente na vizinhança do homem tem direito a viver e crescer no ritmo e nas condições de vida e liberdade que forem próprias da sua espécie;2) Toda modificação desse ritmo ou dessas condições, que forem impostas pelo homem com fins mercantis, é contrária a este direito.Art. 6º- 1) Todo animal escolhido pelo homem para companheiro tem direito a uma duração de vida correspondente á sua longevidade natural;2) Abandonar um animal é ação cruel e degradante.Art. 7º- Todo animal utilizado em trabalho tem direito à limitação razoável da duração e da intensidade desse trabalho, alimentação reparadora e repouso.Art. 8º- 1) A experimentação animal que envolver sofrimento físico ou psicológico, é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de experimentação médica, científica, comercial ou de qualquer outra modalidade;2) As técnicas de substituição devem ser utilizadas e desenvolvidas.Art. 9º- Se um animal for criado para alimentação, deve ser nutrido, abrigado, transportado e abatido sem que sofra ansiedade ou dor.Art. 10º- 1) Nenhum animal deve ser explorado para divertimento do homem;2) As exibições de animais e os espetáculos que os utilizam sãoincompatíveis com a dignidade do animal.Art. 11º- Todo ato que implique a morte desnecessária de um animal constitui biocídio, isto é, crime contra a vida.Art. 12º- 1) Todo ato que implique a morte de um grande número de animais selvagens, constitui genocídio, isto é, crime contra a espécie;2) A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem aogenocídio.Art. 13º- 1) O animal morto deve ser tratado com respeito;2) As cenas de violência contra os animais devem ser proibidasno cinema e na televisão, salvo se tiverem por finalidade evidenciar as ofensas aos direitos do animal.Art.14º- 1) Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem ter representação em nível governamental;2) Os direitos do animal devem ser defendidos por lei como os direitos humanos.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cachorro não odeia gato e vice-versa.

Na realidade, as duas espécies são predadoras e, naturalmente, não querem outro bicho metido no seu espaço, disputando poder. Além disso, o instinto de caça e a curiosidade do cão despertam quando vê os movimentos do felino. Por isso, o persegue. O bichano, que não é bobo, foge movido pelo instinto de sobrevivência.


Entretanto, esse comportamento não é regra. Os bichos podem viver pacificamente juntos. Mas isso depende bastante da forma como são educados pelos donos. Até mesmo há casos em que a cadela amamenta e protege gatinhos órfãos. O contrário também ocorre.

Os irmãos Rubens Gomes da Silva Júnior, 10 anos, e Izidora dos Santos Silva, 9, de Ribeirão Pires, sabem que a harmonia entre as espécies é possível. Na casa deles, o pitbull Levy e a pastora-alemã Bete convivem sem problema com os gatos Sony e Kelly.
"Os quatro nunca brigaram. O Levy é o mais bonzinho. Parecia o pai de outra gatinha que a gente tinha", conta Rubens. Na residência também existe um casal de canários, que não são incomodados pelos felinos. "Ficaria preocupada se eles não se dessem bem. Precisa ter paz entre os bichos, como também deveria ter entre as pessoas", afirma Izidora.

Os pets de Ligia, 11, e do irmão Lerrandro dos Santos de Souza, 4, de São Bernardo, também são amigos. O cão Pingo só corre atrás do gato Mimi para brincar. Segundo a menina, jamais se machucaram. Às vezes, os bichos até descansam juntinhos. "Mimi é o mais mandão. Entra de intrometido na casa do Pingo e come a comida dele. O cachorro não faz nada", diz Ligia.

As espécies têm personalidades muito diferentes. O cão é companheiro dos humanos desde que foi domesticado, há milhares de anos. Por isso, depende desse contato para sobreviver. Em geral, é brincalhão e bagunceiro. Late e abana o rabo para expressar o que sente.

O gato é mais quieto, solitário e independente. Só faz o que realmente quer, não se preocupa em agradar ninguém. É bastante ágil e nem sempre demonstra os sentimentos. Independentemente das diferenças, os dois podem ser ótimas companhias.

Contato ocorre aos poucos

A chegada de outro pet na casa nem sempre é bem recebida pelo bicho que está há mais tempo. Por isso, a aproximação entre ambos deve ser feita aos poucos e com bastante segurança, principalmente se forem de espécies diferentes. Assim, não corre-se o risco de se machucarem.

No caso do cão e do gato, a dica dos especialistas é oferecer petiscos e brinquedos no momento em que são colocados juntos; dessa forma, associam a presença do outro a coisas boas.

Tanto os cachorros quanto os bichanos têm de aprender a respeitar regras e limites. Não podem achar que são os donos da casa. Esses ensinamentos devem ser passados pelos donos, mas nem sempre é possível. Em alguns casos, é necessário receber ajuda de profissionais para conseguir educá-los.

Cão não come gato

O gato, não é presa natural do cachorro. Os dois são predadores. Assim como eles, outros animais na natureza podem se estranhar por desejarem ser os reis do pedaço. Nas savanas africanas, isso ocorre entre leões e hienas. Na Índia, lobos e tigres também disputam alimento e território.

A cadeia alimentar - na qual vegetais e bichos servem de comida para os outros - é representada por uma pirâmide. Os predadores, como os grandes felinos e o homem, estão no topo dela. Ao lado, estão os seres chamados decompositores, fungos e bactérias que se alimentam e ajudam na decomposição de animais mortos.

Abaixo dessa turma estão os herbívoros (girafa, hipopótamo, vaca, zebra, veado, entre outros) que comem os vegetais. As plantas, por sua vez, formam a base da pirâmide.

A existência das espécies depende do equilíbrio da cadeia alimentar. Se a quantidade dos predadores aumentasse demais, as presas desapareceriam em pouco tempo. Assim, os carnívoros não teriam o que comer e também morreriam.

Sem amigos - Quem se dá mal de verdade é o rato. A chance do roedor se dar bem com o cachorro e o felino praticamente não existe. O motivo? É presa natural do bichano. Além disso, algumas raças de cães foram treinadas no passado para caçá-lo e, assim, não permitir que se transformasse em praga nas fazendas e casas.
Cães e gatos têm de se unir para derrotar mal no cinema

Bichos superinteligentes com equipamentos de última geração se unem para derrotar um inimigo em Como Cães e Gatos - A Vingança de Kitty Galore, que acaba de chegar às telonas. No filme em 3D, a gata Kitty Galore decide bolar um plano infalível contra todos os cachorros, gatos e humanos. Mas tanta maldade tem explicação: a bichana se tornou cruel depois que foi expulsa da casa dos donos. Abandonada, deixou a organização ultrassecreta de gatos espiões para colocar em prática a ideia maligna.

Ao descobrir as primeiras crueldades, os cachorros espiões - treinados para proteger as pessoas - decidem se juntar à turma dos felinos para derrotar Kitty. Para ajudá-los, convidam o atrapalhado cão Shane, responsável por muitas falas engraçadas no longa, que utiliza técnica live action, na qual atores reais atuam com animações feitas pelo computador.

Apesar das diferenças, cachorros e gatos aprendem lição valiosa: não precisam se odiar, o que importa é o respeito que um deve ter pelo outro.Seria bom se todos os homens descobrissem o mesmo.



Fonte: Diário do Grande ABC

Acolher animais com deficiência física é um gesto de generosidade que pode transformar positivamente a vida dos donos

A história dos companheiros de lar Pepe e Puff tinha tudo para acabar sem final feliz. O anjo da guarda dos cachorrinhos, a administradora de empresas Fernanda Martins Luza, 30 anos, não tem dúvida de que agiu certo quando abrigou os amiguinhos, que passaram por poucas e boas antes de serem resgatados da rua. Ambos possuem deficiências sérias. “E, hoje, vivem bem e muito felizes, mais até do que muitos cachorros que conheço”, garante a dona.



Apaixonada por bichos desde a infância, Fernanda resolveu adotar seu primeiro pet especial em 2008, quando soube, por meio da Organização Não Governamental (ONG) Bsb Animal, da história de Pepe. O cãozinho foi encontrado com apenas 30 dias de vida, enrolado em panos, embaixo da roda de um carro. “Ele estava lá para que o carro passasse por cima dele”, acredita. O abandono cruel teria relação com o defeito de nascença do vira-lata, que tem três patas. "Isso não muda nada, ele vive como qualquer outro cachorro e nem nota que é diferente. Corre, pula, brinca", diz a dona.



Comovida com o trabalho da Bsb Animal, Fernanda se juntou ao grupo de voluntários. Como a ONG não tem abrigo próprio, cabe a eles levar os bichos encontrados na rua para casa e providenciar os cuidados até o momento da adoção. Pela casa da administradora já passaram cerca de cem cachorros. Puff, o segundo da lista, a princípio não ficaria, mas a amizade com Pepe convenceu a incoporá-lo à família. O poodle abricó, encontrado em Ceilândia sem pelos e com sarna, tem uma deficiência congênita nas patinhas traseiras que, segundo a dona, não interfere na convivência. "Ele só anda um pouquinho diferente dos demais cães", observa.



Segundo a coordenadora da ONG, Márcia Dias, a maioria dos animais abandonados é vítima de maus-tratos. "Infelizmente é a realidade que vivemos no Distrito Federal", constata. Diferentemente do que muita gente pensa, adotar não é complicado, embora seja um processo criterioso. É só procurar uma ONG que preste esse tipo de serviço e demonstrar, além de interesse, responsabilidade e compromisso com o novo amigo. A experiência pode ser extremamente gratificante, como foi para Fernanda Luza. "A gente aprende a ser mais humano, mais compreensivo, mais gente mesmo", admite.



Fonte: Correio Braziliense